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O impacto das novas tarifas dos EUA no setor brasileiro de celulose e papel

Como todos os agentes econômicos, o setor de florestas industriais no Brasil torce pelo restabelecimento dos históricos padrões de comércio com os Estados Unidos. A relação vem sendo pressionada desde o anúncio de um pacote tarifário imposto pelo presidente Donald Trump, com alíquotas de até 50 % sobre produtos brasileiros, a partir de 1º de agosto de 2025 (ResourceWise, 2025).

Tarifa de 50 % e cronograma

O anúncio foi feito em 9 de julho de 2025, e a medida já havia sido antecipada em parte: uma tarifa base de 10 % em abril foi ampliada gradualmente até a nova alíquota de 50 % para o Brasil. Apesar do governo Trump enviar cartas tarifárias com efeito previsto para 1º de agosto, um decreto posterior fixou como data efetiva 6 de agosto de 2025, com um período de carência até 5 de outubro para embarques realizados anteriormente (Argus Media, 2025).

Celulose : Exclusão da tarifa e impacto indireto

Apesar da tarifa geral, alguns produtos estratégicos foram excluídos da taxação, entre eles a celulose, papel e produtos florestais. Mesmo fazendo parte da lista inicialmente impactada, foram preservados por razões tanto técnicas quanto econômicas (Reuters, 2025).

A celulose de fibra curta de eucalipto, principal commodity brasileira nesse segmento, não é produzida nos EUA. Por décadas, produtores brasileiros desenvolveram tipos de celulose com qualidade adequada para higiene e embalagens, essenciais ao mercado americano, fortalecendo uma dependência mútua entre fornecedores e demandantes (Fastmarkets, 2025).

Mesmo fora da lista de produtos taxados, o setor de papel e embalagens sofre impactos indiretos: tarifas sobre embalagens, sacos industriais, e também sobre outros produtos do agronegócio embalados com material brasileiro, como frutas e proteínas animais, elevam os custos logísticos e estratégicos (DatamarNews, 2025).

Exportações da celulose e prejuízos previstos

O Brasil exporta cerca de 18 milhões de toneladas de celulose por ano, com aproximadamente 2,8 milhões de toneladas enviadas aos EUA em 2024, representando cerca de 82,5 % das importações americanas de celulose de eucalipto branqueada (BEKP).

Entre janeiro e junho de 2025, as exportações brasileiras de celulose cresceram 8,5 % em valor e 14 % em volume. No entanto, as vendas especificamente ao mercado americano caíram 15,2 % em valor e 8,5 % em volume. Em maio, a queda no valor chegou a 35 % (DatamarNews, 2025).

As principais produtoras brasileiras de celulose de fibra curta do mundo estimam que entre 15 % e 19 % de sua receita líquida venham dos EUA, e apesar de não esperarem impactos imediatos, já buscam diversificar seus mercados e rotas logísticas.

Efeitos concorrenciais e cadeia de valor

Com os Estados Unidos elevando os custos de importação, fornecedores alternativos (como Portugal, Chile ou Canadá) podem ganhar competitividade no curto prazo, mesmo que não tenham a escala brasileira. Isso pressiona indústrias americanas consumidoras finais como papel higiênico, guardanapos e embalagens a buscar ajustes de fornecedor ou repassar aumentos de custo ao consumidor final (ResourceWise, 2025).

Perspectivas e posicionamento institucional

A Ibá (Indústria Brasileira de Árvores) mantém diálogo contínuo com stakeholders nacionais e internacionais, defendendo uma solução diplomática e articulada com o governo e entidades setoriais. O vice-presidente Geraldo Alckmin declarou que o Brasil analisa meios de responder com base na Lei de Reciprocidade Comercial. Já o presidente Lula minimizou o impacto sobre o crescimento econômico de 2025, afirmando que setores agrícolas e de base poderão redirecionar suas exportações, embora tenha reconhecido que setores industriais específicos enfrentarão maiores desafios (AJOT, 2025).

A Contech mantém operações locais nos Estados Unidos, com estrutura dedicada ao atendimento direto de clientes americanos e multinacionais. Com isso, garante agilidade no fornecimento, adaptação regulatória e suporte técnico contínuo,  uma estratégia que assegura resiliência frente às instabilidades comerciais e tarifárias entre Brasil e EUA.

Referências


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